Entendendo o álbum "Underworld" do Symphony X: Orfeu


Neste novo tópico, abordaremos a figura de Orfeu. O primeiro tratou-se de uma explicação de que diabos era o Submundo e o paralelo entre o Inferno de Dante Alighieri e o da mitologia grega. Para conferir, clique aqui.

Ainda segundo o gordinho de Nova Jersey, ele quis colocar também o personagem Orfeu como um dos "temas" do álbum novo do Symphony X. Mas afinal, quem foi Orfeu? O que ele teve de tão especial? O que ele tem a ver com o Submundo?

Irei respondendo as perguntas acima e contando mais um dos mitos dos gregos.

Orfeu rodeado de animais | Museu Cristão-Bizantino em Atenas

Orfeu foi médico e poeta e músico (mais conhecido como músico), filho da musa Calíope e do Deus Apolo
Para esclarecer, as Musas eram entidades mitológicas a quem era atribuída, na Grécia Antiga, a capacidade de inspirar a criação artística ou científica. Na mitologia grega, eram as nove filhas de Mnemosine e Zeus
Então, vamos nos aprofundar mais: Mnemosine era uma das titânides, filha de Urano (personificação do Céu) e Gaia (personificação da Terra) e era a deusa da Memória. Ela teve 09 filhas, as Musas (já explicadas), cada uma representando alguma das "artes" que eram feitas na época. Calíope, representa e poesia épica e ela que se envolveu com Apolo.

Calíope. Detalhe do quadro As Musas Urânia e Calíope de Simon Vouet

Apolo , segundo a Wikipedia, "foi uma das divindades principais da mitologia greco-romana, um dos deuses olímpicos. Filho de Zeus e Leto, e irmão gêmeo de Ártemis, possuía muitos atributos e funções, e possivelmente depois de Zeus foi o deus mais influente e venerado de todos os da Antiguidade clássica. As origens de seu mito são obscuras, mas no tempo de Homero já era de grande importância, sendo um dos mais citados na Ilíada. Era descrito como o deus da divina distância, que ameaçava ou protegia desde o alto dos céus, sendo identificado como o sol e a luz da verdade. Fazia os homens conscientes de seus pecados e era o agente de sua purificação; presidia sobre as leis da Religião e sobre as constituições das cidades, era o símbolo da inspiração profética e artística, sendo o patrono do mais famoso oráculo da Antiguidade, o Oráculo de Delfos, e líder das Musas. Era temido pelos outros deuses e somente seu pai e sua mãe podiam contê-lo. Era o deus da morte súbita, das pragas e doenças, mas também o deus da cura e da proteção contra as forças malignas. Além disso era o deus da Beleza, da Perfeição, da Harmonia, do Equilíbrio e da Razão, o iniciador dos jovens no mundo dos adultos, estava ligado à Natureza, às ervas e aos rebanhos, e era protetor dos pastores, marinheiros e arqueiros. Embora tenha tido inúmeros amores, foi infeliz nesse terreno, mas teve vários filhos. Foi representado inúmeras vezes desde a Antiguidade até o presente, geralmente como um homem jovem, nu e imberbe, no auge de seu vigor, às vezes com um manto, um arco e uma aljava de flechas, ou uma lira, e com algum de seus animais simbólicos, como a serpente, o corvo ou o grifo.

Apolo Belvedere, a mais célebre representação do deus. Original grego atribuído a Leocarés, hoje nos Museus Vaticanos
Agora que sabemos sobre o parentesco de Orfeu, vamos falar sobre o dito cujo.
Ainda segundo a Wikipedia: "Orfeu era o poeta mais talentoso que já viveu. Quando tocava sua lira que seu pai lhe deu, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento.
Foi um dos cinquenta homens - os argonautas - que atenderam ao chamado de Jasão para buscar o Tosão de ouro. Acalmava as brigas que aconteciam no navio com sua lira. Durante a viagem de volta, Orfeu salvou os outros tripulantes quando seu canto silenciou as sereias, responsáveis pelos naufrágios de inúmeras embarcações.

Orfeu e Eurídice. Obra de Joseph Paelinck - "Orpheus and Eurydice" | Fonte: Christie's

Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurídice, fizeram todas as suas abelhas morrerem.

Aristeu, o que fez Eurídice morrer. Aristeu por Bosio (1768-1845), Louvre | Fonte: Wikipedia

Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o mundo inferior, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. Em seguida, a canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os encantou com seu canto.

Hades, deus do Submundo e Perséfone, sua esposa. Escultura de Bernini. | Fonte: Wikipedia

Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo . Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos . Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol .

Orfeu e Eurídice saindo do mundo dos mortos. 
Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele então quase no final do tenebroso túnel olhou para se certificar de que Eurídice o acompanhava e não a viu. Hades e Perséfone os seguiram e como ficou estabelecido que ele não poderia olhar para Eurídice até chegar ao fim do túnel, Hades a tomou novamente.

Orfeu vendo pela última vez, sua amada Eurídice.
Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda de sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espécie de serviço de aconselhamento; ele ajudava muito os outros com seus conselhos, mas não conseguia resolver seus próprios problemas, até que um dia, furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a música do lirista, mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!"

As ninfas quando encontraram a cabeça de Orfeu

Chorando, as nove musas reuniram seus pedaços e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu à sua amada Eurídice.
Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram."

É, realmente uma história muito triste e comovente. Darão belas baladas. Como foi dito pelo Romeo, ele quis algo triste e emocionante para usar de inspiração.

No próximo post, trataremos sobre os círculos do Inferno de Dante e o paralelo com os 09 círculos da capa do novo álbum do Symphony X. Até breve!
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